Kent Salomonsson apresentou cases e conceitos sobre fábricas virtuais, digitalização e integração entre pesquisa e indústria no segundo dia do Conexão Suécia 2025
Joinville — A terceira palestra do segundo dia da Semana Conexão Suécia 2025 foi conduzida por Kent Salomonsson, CEO e pesquisador na área de manufatura avançada e docente da University West, na Suécia. Sob o tema “Otimização na indústria baseada em simulação e seu impacto no suporte às decisões práticas”, o especialista apresentou conceitos, exemplos e ferramentas que aproximam a teoria da inovação industrial da realidade das empresas.
Salomonsson iniciou sua fala explicando como a simulação baseada em otimização se tornou essencial para a tomada de decisões inteligentes dentro da Indústria 5.0. O conceito permite prever cenários e testar alternativas de produção em ambientes virtuais antes de aplicá-las nas fábricas reais. “A simulação reduz riscos, economiza recursos e acelera o desenvolvimento de soluções. Ela é a ponte entre a pesquisa e a aplicação prática nas empresas”, explicou.
Ele destacou que a metodologia vem sendo aplicada há mais de uma década em um projeto de pesquisa intitulado Virtual Factories – Knowledge Driven Optimization, desenvolvido em parceria entre universidades e empresas suecas. “Todo processo de inovação precisa se basear em fatos e dados históricos. É isso que sustenta a tomada de decisão informada e eficiente”, afirmou.
Cultura e adaptação global
Em sua fala, Salomonsson destacou também o papel da cultura organizacional e da adaptação às realidades locais como fatores decisivos na implementação de tecnologias avançadas. O pesquisador relatou experiências com mais de 800 empresas ao redor do mundo, apontando diferenças entre culturas corporativas e como cada uma delas encara a automação e a inovação.
“Não é simples mudar a mentalidade das pessoas, mas é possível mudar as estratégias, os processos e a forma como gerimos a transformação. A tecnologia é universal, mas a cultura é local.” Ele citou como exemplo a fabricante sueca Autoliv, fornecedora global de sistemas de segurança automotiva, que mantém padrões de produção idênticos em países distintos, mas adapta aspectos culturais à realidade de cada unidade. Já empresas como a Volvo, segundo ele, ajustam seus processos conforme o contexto social e econômico de cada país, combinando eficiência industrial e sensibilidade cultural.

Fábricas virtuais e conhecimento aplicado
Ao aprofundar o tema, o pesquisador apresentou o conceito de fábricas virtuais (virtual factories), ambientes digitais onde engenheiros e gestores simulam processos de produção em tempo real. Essa prática permite antecipar gargalos, otimizar fluxos e testar novos equipamentos ou robôs antes de sua implementação física. “Assim como um mapa mostra diferentes camadas de informação, uma fábrica virtual combina múltiplos níveis de dados — do planejamento à operação. Isso torna a tomada de decisão mais segura e fundamentada”, explicou.
Salomonsson reforçou que a otimização por simulação depende de coleta e registro constante de dados, transformando o conhecimento acumulado em base para inovações futuras.
Pesquisa, educação e integração com o setor produtivo
Ao final da palestra, o professor destacou o papel das universidades como núcleos de inovação conectados à indústria, mencionando que a University West mantém três grandes grupos de pesquisa voltados a processos de manufatura virtual, sistemas de produção digital e design centrado no usuário.
Com cerca de 100 pesquisadores e docentes dedicados a projetos conjuntos com empresas suecas e estrangeiras, a universidade atua como elo estratégico entre ciência e mercado. “A inovação acontece quando aproximamos o conhecimento acadêmico das necessidades reais da indústria. E a simulação é o elo que une esses dois mundos.”
Encerrando, Salomonsson convidou os participantes brasileiros a fortalecerem a cooperação com universidades suecas e a explorarem as possibilidades de intercâmbio técnico e científico. “A Suécia é um país aberto à colaboração. Convidamos todos a conhecer nossos laboratórios e projetos — é assim que a inovação se torna um bem compartilhado.”






















