Em palestra nesta terça-feira, o professor Roy Andersson destacou a importância da inovação, da educação e da mentalidade de resiliência para o futuro das empresas e das regiões
O segundo dia da Semana Conexão Suécia 2025 contou com uma nova participação do professor Roy Andersson, especialista em logística, inovação e Indústria 5.0 da University West (Suécia). Desta vez, Andersson conduziu o painel “Modelo Sueco de Inovação na Indústria: Tornando sua empresa resiliente na era da Indústria 5.0”, aprofundando o debate sobre os fatores que tornam empresas e regiões mais adaptáveis às mudanças globais.
Cooperação acadêmica e intercâmbio internacional
Logo no início, Andersson destacou sua longa trajetória de cooperação com o Brasil e, especialmente, com universidades e empresas de Santa Catarina. Há mais de 15 anos, ele coordena programas de intercâmbio entre estudantes suecos e brasileiros, especialmente nas áreas de engenharia e gestão da inovação. “Já enviei mais de 70 estudantes suecos para estágios e projetos em Santa Catarina. Essa troca de experiências é essencial para formar profissionais globais e criativos”, afirmou.
O professor reforçou que a educação internacional é um pilar do modelo sueco de inovação, pois aproxima talentos de diferentes culturas e amplia a capacidade de criar soluções para desafios comuns.
Cultura de inovação e mentalidade resiliente
Andersson apresentou o conceito de resiliência corporativa, enfatizando que a capacidade de inovar não está restrita ao desenvolvimento de produtos, mas à criação de uma mentalidade organizacional voltada à adaptação e à aprendizagem contínua. “Ser resiliente é saber se reinventar quando o cenário muda. Foi o que fez a diferença entre empresas que desapareceram e aquelas que se transformaram e prosperaram”, explicou.
Ele citou exemplos emblemáticos da indústria global, como Ericsson e Nokia, destacando como a primeira conseguiu se reinventar após a revolução dos smartphones. “A Ericsson percebeu que não poderia competir diretamente com a Apple e a Samsung, então mudou de foco e passou a investir em conectividade e comunicação digital. Essa foi uma decisão estratégica de resiliência.”
Da empresa à região: inovação como ecossistema
Durante a palestra, o especialista ampliou a reflexão, propondo que a resiliência não é apenas empresarial, mas também regional e social. Para ele, governos, universidades e empresas devem atuar em conjunto para criar ecossistemas de inovação capazes de reagir a crises e aproveitar oportunidades tecnológicas. “O que temos visto aqui em Santa Catarina é inspirador. Há um movimento claro de fortalecimento de polos regionais e de apoio a novos empreendimentos — e isso é exatamente o que chamamos de resiliência territorial.”

Andersson incentivou os participantes a refletirem sobre como suas próprias cidades e instituições podem se preparar para futuras transformações tecnológicas e climáticas, alinhadas à filosofia da Indústria 5.0, que integra automação, sustentabilidade e valorização humana.
A importância dos dados e da digitalização
O palestrante também ressaltou que a digitalização dos processos produtivos é uma das ferramentas mais poderosas para aumentar a resiliência das empresas. Ele apresentou o exemplo de uma indústria sueca que, por meio de sensores e câmeras instaladas em sua linha de produção, consegue monitorar a operação em tempo real — um conceito semelhante aos gêmeos digitais (digital twins).

“Assim como usamos o Google para localizar restaurantes ou serviços, uma fábrica moderna precisa de informações precisas e imediatas para tomar decisões melhores. Sem dados, não há inovação.”
Encerrando sua participação, Andersson convidou o público a refletir sobre como a inovação pode — e deve — ser construída coletivamente. “A inovação é uma missão de todos. Cada empresa, cada universidade e cada governo tem um papel em tornar nossos sistemas produtivos mais inteligentes e humanos. Isso é ser resiliente na era da Indústria 5.0.”






















