Na segunda palestra do primeiro dia do Conexão Suécia 2025, Roy Andersson apresentou os fundamentos da cultura sueca de inovação e os caminhos para empresas mais flexíveis, sustentáveis e humanas
A segunda palestra do primeiro dia da Semana Conexão Suécia 2025 teve como tema o “Modelo Sueco de Inovação na Indústria 5.0”, conduzida pelo professor e consultor Roy Andersson, referência internacional em inovação industrial e resiliência de cadeias produtivas.
Andersson iniciou sua fala ressaltando o papel da educação e da pesquisa aplicada como pilares da inovação na Suécia. Ele apresentou dados e exemplos de grandes empresas centenárias — como a S40, com mais de 50 mil empregados — que só conseguem se manter competitivas ao adotar estratégias permanentes de renovação tecnológica e de serviços, e não apenas de produtos. “A inovação precisa estar tanto no produto quanto no serviço. É isso que mantém as empresas vivas por décadas.”
O palestrante destacou o estreito vínculo entre universidades e empresas, um traço marcante do modelo sueco. Em praticamente todas as universidades do país, existe um parque científico que opera junto à instituição de ensino, conectando estudantes e pesquisadores a desafios reais da indústria. Ao final dos cursos, os alunos desenvolvem trabalhos de conclusão de curso (thesis work) diretamente ligados a demandas empresariais, muitas vezes transformados em soluções concretas, produtos ou startups.
“Apoiar os estudantes e aproximar o conhecimento acadêmico da realidade das empresas é essencial. Isso é parte da cultura de inovação sueca.” Para Andersson, essa aproximação entre ensino e mercado estimula o espírito inovador desde a formação acadêmica. Ele observou que “não basta formar bons técnicos”, mas sim pessoas criativas, capazes de propor soluções e atuar de forma integrada em ecossistemas colaborativos.
Educação, cultura e estratégia de longo prazo
O palestrante enfatizou que a educação e a pesquisa são motores da economia inovadora. Países que lideram prêmios científicos e tecnológicos, como os Estados Unidos e a Suécia, demonstram que investir em conhecimento é investir na própria competitividade. “A inovação começa na escola, continua na universidade e se consolida nas empresas”, afirmou.
Ao citar o exemplo do setor de telefonia, Andersson lembrou como a Suécia precisou se reinventar após a perda de mercado para empresas asiáticas, mostrando que inovação também é capacidade de adaptação estratégica. “Não podemos competir com a China e a Coreia apenas em volume. Precisamos competir com ideias e processos inovadores.”
Resiliência e Indústria 5.0
Roy Andersson abordou também os desafios das cadeias de suprimento globais e a importância da resiliência corporativa na era da Indústria 5.0. Segundo ele, o modelo tradicional de produção enxuta (lean manufacturing) e qualidade total (Six Sigma) já não é suficiente. As empresas precisam ser ágeis, flexíveis e preparadas para responder rapidamente a crises e mudanças.
“É fundamental ter uma cultura de gestão de riscos. Cada colaborador deve se ver como um gestor de riscos em potencial. A resiliência começa dentro da organização.” Ele explicou que uma cadeia de suprimentos resiliente combina eficiência e redundância inteligente, com múltiplos fornecedores localizados em diferentes continentes, de forma a evitar rupturas em momentos críticos.
Cooperação e cultura de risco
Outro ponto enfatizado foi a importância da colaboração entre concorrentes — um aspecto ainda pouco explorado em muitos países. Para Andersson, o compartilhamento de práticas e informações entre empresas, universidades e governo é o que garante a sustentabilidade e a robustez do sistema produtivo. “Mesmo competindo, é possível colaborar. Essa mentalidade é o que torna o ecossistema sueco tão forte e preparado para o futuro.”
Convite à cooperação internacional
Encerrando sua palestra, Roy Andersson convidou o público brasileiro a aprofundar o intercâmbio com a Suécia, destacando que o país segue desenvolvendo novas políticas industriais e tecnológicas com foco em resiliência, sustentabilidade e bem-estar social. “A inovação é uma mentalidade. E é isso que devemos implementar em cada pessoa, em cada empresa e em cada país.”






















