Palestra de Kent Salomonsson encerra o primeiro dia do Conexão Suécia 2025 com foco em talentos globais, energia limpa e integração digital de processos produtivos
Encerrando o primeiro dia da Semana Conexão Suécia 2025, o pesquisador e professor Kent Salomonsson, da University West (Suécia), apresentou a palestra “Gestão da inovação em ecossistemas industriais e processos de fabricação virtual”, destacando como a indústria sueca vem se reinventando por meio da integração entre inovação, sustentabilidade e transformação digital.
Salomonsson iniciou a apresentação abordando a realidade de falta de mão de obra qualificada em setores industriais estratégicos na região oeste da Suécia, especialmente em áreas como engenharia, manufatura avançada e energia. Segundo ele, o governo sueco projeta a necessidade de atrair cerca de 30 mil novos profissionais especializados apenas para essa região.
“Não conseguimos preencher essa demanda apenas dentro da Suécia — nem mesmo dentro da Europa. Precisamos buscar talentos globalmente”, destacou.
A meta faz parte de um plano nacional de inovação industrial voltado à construção de ecossistemas colaborativos que aproximem empresas, universidades e centros de pesquisa. Esses polos buscam atrair conhecimento internacional e promover a troca de experiências em torno da Indústria 5.0, que combina tecnologia, sustentabilidade e foco nas pessoas.
Transição energética e novos modelos de produção
O palestrante também abordou o papel da Suécia na transição para veículos elétricos (EVs). Citando montadoras como BMW, Volkswagen, Mercedes-Benz e Daimler, Salomonsson lembrou que muitas delas planejam encerrar a produção de motores a combustão até 2030 — e que a Suécia quer estar à frente dessa transformação. “Estamos construindo duas novas fábricas de baterias que irão produzir células, módulos e pacotes para veículos elétricos — tanto automóveis quanto caminhões”, explicou.
Ele ressaltou que a transição energética não é apenas tecnológica, mas estrutural: envolve a criação de micro-redes (microgrids) e sistemas de energia onshore (em portos e polos logísticos) capazes de abastecer tanto as novas fábricas quanto o transporte marítimo e terrestre de forma mais limpa e eficiente.
Sustentabilidade e desafios climáticos
Em tom bem-humorado, Salomonsson comentou as peculiaridades climáticas da Suécia: “Durante o inverno, chegamos a –30 °C e temos pouquíssima luz solar — o que torna o consumo de energia um grande desafio.” Essa realidade reforça a importância de soluções inovadoras em geração e gestão energética, especialmente para um país altamente eletrificado e comprometido com metas ambientais ambiciosas.
Segundo ele, a agenda energética e industrial sueca está alinhada à visão de que a sustentabilidade é também uma vantagem competitiva, e não apenas uma obrigação ambiental.
Integração digital e fabricação virtual
A palestra também tratou de processos de fabricação virtual e digitalização industrial, áreas em que a Suécia é referência mundial. Salomonsson destacou que a aplicação de gêmeos digitais (digital twins), simulações em tempo real e análise de dados permite antecipar falhas, otimizar decisões e reduzir desperdícios.
“Só é possível encontrar a causa-raiz dos problemas quando conseguimos monitorar o que está acontecendo agora. A inovação vem da capacidade de observar e adaptar-se em tempo real”, afirmou. Ele defendeu que a gestão da inovação deve combinar Lean Manufacturing, Six Sigma e monitoramento contínuo de processos — modelos que, integrados a ferramentas digitais, fortalecem a eficiência e a resiliência das cadeias produtivas.
Convergência entre indústria, energia e sociedade
Salomonsson concluiu reforçando que a nova fase da indústria sueca exige cooperação em múltiplos níveis — entre empresas, instituições acadêmicas, governo e sociedade — para que as soluções tecnológicas sejam sustentáveis e escaláveis. “A inovação acontece quando conectamos pessoas, dados e propósito. É isso que transforma processos produtivos em motores de desenvolvimento social”, resumiu.






















