A Companhia Catarinense de Águas e Saneamento e a Prefeitura Municipal entregaram dia 21 de março uma das principais obras da história de Florianópolis. Não pelo valor do investimento, mas o Projeto de Balneabilidade da Beira-Mar Norte traz o caráter de inovação e ineditismo em defesa do meio ambiente, devolve a área mais democrática da Capital à população e recupera um cartão-postal do Estado. “Trata-se de uma grande obra, com destaque para os nossos colegas da Casan, que elaboraram um projeto de engenharia, que respeito, elogio e torço para o sucesso,” afirma o presidente do Senge-SC, José Carlos Ferreira Rauen.
Inspirada em modelo bem sucedido na Califórnia (EUA), a proposta adaptada pela equipe técnica da CASAN para Florianópolis é a primeira do país que pretende recuperar a balneabilidade de uma praia contaminada tratado a contaminação que chega pelas redes de drenagem. No caso, trata-se de uma praia poluída há pelo menos meio século devido às ligações clandestinas de esgoto que escorrem pelos canais de drenagem da chuva em direção à Baía.
O diretor Financeiro de Senge-SC, Carlos Bastos Abraham, destacou a agilidade da obra, realizada entre 5 de março de 2018 e 8 de março de 2019. “Todos os prazos foram cumpridos e o projeto executado à risca,” elogiou. Nesse período de um ano o consórcio vencedor da licitação (Fast/CFO) implantou 3,6 mil metros de rede em uma área de grande movimentação de pedestres, instalou 15 grandes estruturas de concreto e 31 válvulas bloqueadoras (tipo bico-de-pato) e ergueu uma Unidade de Recuperação Ambiental (URA) com capacidade para tratar até 13 milhões de litros/dia.
São 13 milhões de litros de água limpa que podem ser despejados diariamente na Baía, ajudando a limpar a área poluída – cujo processo de descontaminação contará também com a ação das correntes marítimas, dos raios solares e do sal presente na água. Com a conclusão da obra física em 8 de março – quando cessou a chegada da poluição à Baía -, a CASAN intensificou as análises laboratoriais da água. O objetivo é acompanhar a redução da contaminação até alcançar os padrões ideais de balneabilidade, o que deve ocorrer ao longo dos próximos 90 ou 120 dias aproximadamente.
Orçado inicialmente em R$ 24 milhões, o preço da obra caiu para R$ 17,1 milhões na disputa de licitação – mas somará R$ 18 milhões ao final com acréscimos motivados por alterações na parte elétrica do projeto e por interferências no assentamento da rede. “É um custo baixo se levado em conta que a despoluição total da Baía envolvendo os demais municípios foi estimada, no passado, em cerca de R$ 1 bilhão”, diz o engenheiro Joel Horstmann, Superintendente Regional Metropolitano, responsável pela obra. “Sem falar que a balneabilidade permitirá, além do aproveitamento de lazer e a recuperação ambiental, o desenvolvimento turístico e econômico de toda a região”.