O quadro das dificuldades que o País enfrenta, traçado na reunião dos dirigentes eleitos para o mandato 2019-2022, é preocupante. Como frisou o consultor sindical da FNE, João Guilherme Vargas Netto , “a instituição sindical foi ferida de morte” com as medidas do governo que buscam asfixiar as entidades. Murilo Pinheiro, reeleito para dirigir a federação, alertou que o momento pede serenidade para um caminho de enfrentamento da crise e elaboração de alternativas propositivas. A reunião contou com a participação do diretor tesoureiro do Senge-SC, Carlos Bastos Abraham, também diretor administrativo da FNE.
O sindicalismo sofre, conforme explicou João Guilherme, em consequência de três sérios problemas: Um evidente é a recessão da economia, que provoca grave desemprego. A reforma trabalhista de 2017 veio desferir um duro golpe nesse cenário já difícil. E a terceira causa é a política de Jair Bolsonaro,”cuja vitória é mais consequência do quadro de desorganização social que o contrário”, com fim do Ministério do Trabalho e as Medidas provisórias MPs 871 é 873, contra trabalhadores e todo movimento sindical.
Se as mudanças legais foram feitas para acabar com a institucionalidade do movimento, isso não significa, porém, que tenha eliminado a luta de classes. “Se não for pelo caminho institucional, esse choque vai encontrar alguma forma de se expressar”, alertou o consultor sindical, apontando já para a próxima atividade das ruas, a próxima sexta-feira, 22 de março, quando estão previstas manifestações contra reforma da previdência. “Depois, precisaremos adotar outras táticas, mostrando sua relevância. Uma ideia são as greves programadas simultâneas pelas categorias que conseguirem organizá-las” – exemplificou. E como as políticas em curso agridem os interesses da maioria da população, as reações não tardarão. “. Quando essas agressões se tornarem claras, será ao sindicato, hoje em descrédito, que esses trabalhadores vão recorrer” – previu.
O primeiro debate interno da FNE buscou analisar a conjuntura e as bases para a desestruturação atual da sociedade brasileira. Antonio Augusto Queiróz, o Toninho do Diap, vê uma mudança de paradigma no Brasil, ético-moral e fiscal-liberal. “Nesse segundo ponto, a livre iniciativa se sobrepõe à capacidade do Estado se fazer políticas que beneficiem os mais pobres” Este, segundo ele, é um momento em que o País se preocupa mais em favorecer o mercado que com a busca de igualdade. Com isto, o Estado vai perdendo sua capacidade de prestar serviços e se regular, o que dificulta manter a paz social.
Para deter reações na sociedade, os movimentos sociais serão crimunalizados – alerta Toninho. E trava-se também uma guerra política para turvar a visão social da realidade. “Por exemplo, o governo apresenta a imprensa com o adversária, mas essa, no entanto, é totalmente favorável à pauta econômica neoliberal, como a reforma da Previdência.” A mentalidade que prevalece é liberal na economia e retrógrada do ponto de vista dos direitos humanos e da proteção ao meio ambiente.
A FNE prepara sua atuação para um período dos mais desafiadores para as entidades de defesa dos trabalhadores e do desenvolvimento nacional. A direção foi eleita no X Conse, com uma plataforma extensa, em que se compromete com a luta nacional pela preservação de direitos sociais, trabalhistas e sindicais, a a defesa profissional dos engenheiros e seu mercado de trabalho e a valorização da engenharia no Brasil.
Fonte: FNE