O Senge-SC promoveu ontem (26/06) o encontro “Senge Mulher 2025: Mulheres que Constroem Caminhos”, com foco nos desafios profissionais e pessoais das mulheres na engenharia. O encontro, realizado pelo segundo ano consecutivo, já está enraizado como uma iniciativa importante para oportunizar o debate e o compartilhamento de experiências sobre as situações enfrentadas pelas mulheres no setor, bem como a busca de propostas para a construção de uma engenharia mais diversa e inclusiva.
O evento, que reuniu mulheres de diversas áreas, trouxe palestras de três engenheiras em momentos diversos da vida profissional e proporcionou não apenas o diálogo e a troca de vivências, mas também a reflexão sobre a fundamental relevância do papel das engenheiras em um mundo que felizmente já não pode mais ser denominado como predominantemente masculino.
Conexão para enfrentar desafios
A abertura do encontro foi realizada pela presidente Roberta Maas dos Anjos, que agradeceu a presença de todos e destacou a atuação do Senge-SC no apoio às mulheres engenheiras. “Com esse trabalho, estamos tentando mostrar que cada uma é diferente, mas com algo em comum, o que permite que nos conectemos para enfrentar os inúmeros desafios das mulheres”, destacou Roberta, ao comentar que hoje o Senge-SC tem cerca de 20% de mulheres no seu quadro de filiados e a diretoria conta com destacada participação em cargos de diretoria e no Conselho. “Queremos trazer cada vez mais engenheiras para o nosso sindicato”, afirmou Roberta.
Conquista de espaços
A atual secretária de Estado da Assistência Social, Mulher e Família de Santa Catarina, Adeliana Dal Pont, que tem formação em engenharia sanitária, deu início à roda de conversa falando sobre a sua trajetória com propósito, desde a universidade até a conquista de espaços por várias cidades de Santa Catarina, onde construiu e consolidou uma história que incluiu cargos como secretária municipal e estadual, vereadora e prefeita por duas gestões no município de São José/SC.
“Foi necessário abrir portas, romper paradigmas e enfrentar muita pressão, mas nunca deixei de me posicionar, porque a nossa presença em todas as esferas muda tudo”, contou Adeliana, que se sente gratificada por, com sua atuação, poder ajudar as pessoas. “Tive que me estabelecer para o trabalho e foi o trabalho que me levou tão longe”.
Levar algo para a vida
O tema seguinte, Mulheres que Erguem Estruturas, teve a palestra da engenheira civil e de segurança do trabalho, Fabiane Zanco Bortolanza, atualmente graduanda em engenharia mecânica e sócia-administradora da Zanco Pontes e Obras Civis, que executa empreendimentos de grande porte em diversas regiões do estado, como pontes, viadutos e passarelas metálicas. “Com minhas inúmeras formações, além dos cursos universitários, eu visava contribuir para com a nossa empresa que, como tantas outras, enfrentava e enfrenta inúmeros desafios, incluindo questões políticas, que exigem muita força e postura, especialmente quando a sócia é uma mulher”, narrou Fabiane.
A engenheira destacou a importância da atuação do Senge-SC Mulher junto às engenheiras, registrando que “esse núcleo nos deixa levar algo para a vida e até mesmo a resolver problemas ao longo do caminho”. De sua história pessoal, que exigiu muito esforço e superação desde o início da primeira graduação em engenharia, ela deixa como mensagem, “sofremos para crescer, e é por isso que crescemos”.
Saúde mental não é detalhe
A vice-presidente do Senge-SC, engenheira Karla Zavaleta, especialista em Segurança do Trabalho, trouxe o tema “Nova NR-1: Um Olhar Técnico e Humano”, por meio do qual enfocou a valorização da saúde e segurança com protagonismo feminino. A partir da premissa de que saúde mental não é detalhe, é fundamento, ela enfocou a liderança, a resiliência e a saúde mental no ambiente de trabalho. “Engenheiras (mulheres) constroem pontes, mas também precisam atravessar as que levam ao equilíbrio, à igualdade e ao sentido de ser”, afirmou Karla.
Ela lembrou que vários dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, um conjunto de 17 metas globais adotadas por todos os estados membros das Nações Unidas e que visam melhorar a qualidade de vida das pessoas, proteger o planeta e garantir a prosperidade para todos até 2030, são direcionados às mulheres, como igualdade de gênero e empoderamento, redução das desigualdades, saúde e bem-estar e educação de qualidade, entre vários outros.
Karla falou dos riscos psicossociais enfrentados pelas mulheres, como o assédio moral muitas vezes velado, a falta de reconhecimento, a sobrecarga de trabalho, a falta de escuta e apoio e a queda na produtividade. Tudo isso além dos desafios específicos, como a dupla jornada, a pressão por desempenho e a sub-representação em cargos de liderança. “Cuidar da saúde mental é um ato de engenharia humana, e que cada mulher engenheira seja também uma construtora de ambientes mais justos, saudáveis e acolhedores”, finalizou.
Voz às engenheiras
As palestrantes, ao final do encontro, abriram espaço para questionamentos e depoimentos das participantes, que enfatizaram o quanto os temas ali debatidos seriam significativos para suas trajetórias pessoais e profissionais. A criação do Senge-SC Mulher, uma proposta da presidente Roberta Maas do Anjos e que teve seu primeiro evento em outubro de 2024, abriu um novo espaço de diálogo e fortalecimento para as mulheres na engenharia. “Por meio de eventos, workshops, palestras e programas de mentoria, o núcleo não apenas apoia, integra e dá voz às engenheiras, mas também promove o fortalecimento da rede de apoio entre as profissionais, incentivando a troca de conhecimento, a colaboração e o protagonismo feminino na engenharia”, afirmou a presidente do Senge-SC.